sábado, 21 de julho de 2012

Antes fosse...

Meu nome e' Rebeca e vocês ja' deveriam saber disso. Estou ha' algum tempo sem escrever, mas isso não quer dizer que minha vida mudou tanto daquele marasmo contagiante. Resolvi voltar, assim eu coloco algumas idéias em dia.

Veja bem, isso não quer dizer que você ganhou; quando me sugeriu com o retorno. Não, isso não e' nem um pouco um joguinho babaca infantil. Ok, eu vou me segurar nos palavões. Na verdade eu queria te contar sobre dia desses em que resolvi sair e tentar me divertir. Eu deixei de tomar lexapro por dois dias para tomar umas doses de vodka. Espero que meu médico não se chateie. Fato e' que dois dias me fizeram diferença. Fiquei irritada e quase briguei com o único cara que me suporta. O que me acompanhava nessa andança. Mas ok, foi ate' a primeira dose; e sorte a minha dele ser meu amigo, porque nem eu me aguento. A gente ate' estava preparado para qualquer coisa, mas quando digo qualquer coisa, exclui a expectativa de reencontrá-lo. Você sabe bem, ele. Eu posso jurar agora mesmo que eu não esperava. Você pode pensar o contrário, mas é serio. As pernas tremeram. O coração parecia que ia sair pela boca. E o suador foi tão intenso que fui obrigada a tirar a blusa nesse inverno que queima ate' a alma. Todos aqueles momentos em que passamos juntos passaram-se em poucos segundos pela minha mente. As brigas e discussões eu deixei para la'. Na hora. Na hora foi só sentimentalismo daqueles bem açucarados. E você sabe, eu me odeio quando estou assim. Não da para se apaixonar novamente, mas eu tenho certeza que ainda o amo. Bem como eu queria ter esses sentimentos que odeio, por alguém que eu sinta que vale a pena. Ele não vale. Por favor, não comente, eu ja' sei o que você esta' pensando. Eu juro que tentei esquecer. E da última vez que terminei, eu tinha certeza que seria para sempre. Mas vê-lo ali, parado, do tipo me esperando para um abraço, me doeu o coração. O cheiro de cigarro que tanto odeio misturado ao cheiro do alcóol, do perfume. Todo aquele odor que me remete de volta para o passado em que eu deveria esquecer. E queria esquecer.Todo aquele sentimento de espera que te lança para o futuro que não vai existir. Não, não vai. Não tem mais por onde ser. Antes fosse... Sim, eu sei, eu não sou nem de longe aquela Rebeca de tempos atrás. Dois dias sem medicação me joga para bem fundo. E ate' que o comprimido que tomei agora ha' pouco atinja sua meia-vida, eu vou continuar assim.

Fazia tempo que não acontecia. Eu fui ate' ele. Tentei fingir; não sei se ele percebeu. Mas eu tentei. Abracei, beijei, e o cheiro que eu não queria sentir; me derrubou. Minhas pernas tremiam ainda mais. Minha mão congelou. Eu toquei no braço dele para conversar. Eu mexi nos meu cabelos. Eu me comportei como ele. Eu fiz seus gestos, tudo para deixá-lo à vontade. Eu acompanhei cada olhada. Eu ouvi atentamente o que ele me falava. Eu lia seus lábios, mas ele não. Eu queria dizer algo, mas esperei. Eu não lembrava mais do meu amigo e muito menos daquele cara que estava interessado em mim. Eu apenas deixei a música levar. A música que eu nem reparei que tocava. Eu o convidei para dançar. Eu dancei, mas ele não. Ele apenas me encarava. Esperei a noite toda. Uma vida inteira que poderia voltar em poucos minutos. Uma vida inteira que poderia voltar inteira aqui pra dentro. Você jamais vai entender o que é isso, porque você e' homem. Mas eu queria tudo isso de volta. Não me interessavam mais as discussões. Eu não amadureci o bastante para entender, mas acho que posso fazer um esforço dessa vez. O cara que estava interessado em mim, se arrumou em poucos minutos em que me viu conversando. Era mais um sentido que eu procurava. Era mais um motivo que me alertava. Mas eu não ia tomar a iniciativa, embora devesse. Porque ele percebeu. Ele deixou tudo de lado para estar ali, comigo. Dançando. Me olhando. Observando cada passo descoordenado que eu insistia em errar. E bem na hora em que ele perguntou se eu queria - eu fui covarde, pensei, pensei, pensei. Cinco segundos que parecem ter demorados cinco anos. Respondi que não. NÃO! Eu atuei. Fiz cara de espanto. Ele deu um sorriso e sumiu...

  Rebeca Stocatti